Anúncios com inteligência artificial geram enganos no Instagram e Facebook
Nos últimos meses, consumidores no Reino Unido e no Brasil têm relatado fraudes envolvendo anúncios nas redes sociais que utilizam inteligência artificial (IA) para criar imagens e vídeos falsos de supostas marcas locais. Essas empresas mostram produtos e fundadores elaborados por IA, passando a ideia de serem negócios familiares e próximos, quando na verdade remetem a operações criminosas baseadas na Ásia.
Um exemplo encontrado pela BBC mostrou que clientes acreditaram comprar de lojas situadas na Inglaterra, porém, receberam mercadorias vindas de armazéns em países asiáticos. Os produtos, como roupas e joias, apresentaram qualidade muito inferior à anunciada e foram classificados por compradores como “quinquilharia barata”. Segundo relatos, a Luxe and Luna London, por exemplo, expôs publicamente que cessou suas atividades após eventos trágicos, justificativa similar à usada por uma empresa fraudulenta de joias chamada C’est La Vie.
Como consumidores são iludidos por anúncios gerados por IA
Claire Brown, profissional de marketing de tecnologia, destacou que os anúncios atraíram sua atenção pela frequência e qualidade visual, criando uma falsa sensação de confiança: “Parecia uma marca confiável depois de ela ter aparecido tantas vezes no Facebook”. Contudo, os vestidos que adquiriu custando 73 libras (aproximadamente R$ 515) eram frágeis e decepcionantes. Ela denunciou o caso à Meta, mas não obteve retorno concreto, reforçando a sensação de falta de proteção ao consumidor.
Essa prática envolve um modelo conhecido como dropshipping, em que as empresas não possuem estoque próprio e revendem produtos baratos comprados de terceiros, sem fiscalização direta. Desta forma, os clientes ficam vulneráveis a golpes, pois não há garantia da qualidade nem da origem dos itens.
Resposta das plataformas e recomendações para consumidores
A Autoridade de Padrões de Publicidade (ASA) do Reino Unido já proibiu anúncios que simulavam ser de empresas britânicas usando imagens de ruas e bandeiras do Reino Unido, mas que enviavam produtos de armazéns localizados na Ásia. Segundo o órgão, plataformas como Facebook e Instagram têm papel fundamental para garantir que os anúncios sejam responsáveis e consertar falhas no sistema para impedir abusos.
Por sua vez, a empresa Meta tem solicitado que usuários denunciem anúncios suspeitos, afirmando que essas denúncias são sinais importantes para revisão automatizada e ações futuras em políticas de publicidade. Ainda assim, organizações como a Which? criticam que a Meta permitiu durante muito tempo a proliferação desenfreada dessas empresas falsas e ressaltam a necessidade urgente de fortalecer medidas contra fraudes digitais.
Dicas para evitar cair em golpes de anúncios com IA
Especialistas em proteção ao consumidor recomendam cuidado especial quando se deparar com ofertas que parecem boas demais, que utilizam táticas de urgência como grandes descontos ou liquidações agressivas. Também é importante desconfiar de contas recentes que alegam representar marcas famosas, principalmente se apresentam poucos seguidores.
Outra orientação válida é buscar diretamente o site oficial da empresa, evitando clicar em links fornecidos nos anúncios, que podem direcionar para sites fraudulentos. Entrar em contato com as marcas pelas vias oficiais é uma forma eficiente de confirmar a veracidade do anúncio.
Essa situação reforça uma importante lição: a evolução da inteligência artificial trouxe facilidades, mas também desafios para o comércio digital e a segurança dos consumidores. A fiscalização, a tecnologia contra fraudes e o alerta do público são essenciais para combater as ações enganosas que prejudicam milhares de pessoas no Brasil e no mundo.
