A Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1997 e 2012, está na vanguarda da adoção da Inteligência Artificial (IA) no ambiente de trabalho. Uma pesquisa recente da Randstad, que ouviu mais de 11 mil profissionais em 15 países, revela um cenário complexo: ao mesmo tempo em que abraçam a tecnologia para aprender e otimizar tarefas, esses jovens sentem uma profunda ansiedade sobre o futuro de suas carreiras. Este artigo explora os dados dessa pesquisa e analisa o paradoxo do entusiasmo e da incerteza que define a relação da Geração Z com a IA.
A Vanguarda da Adoção: Geração Z e a IA no Dia a Dia
Os dados mostram que a Geração Z não está apenas usando a IA, mas liderando sua integração no mundo profissional. Segundo o estudo da Randstad, três em cada quatro jovens (75%) já utilizam ferramentas de IA para aprender novas habilidades, demonstrando uma proatividade notável em seu desenvolvimento. Além disso, 55% aplicam a tecnologia para resolver problemas no trabalho, um aumento significativo em relação aos 48% registrados em 2024. A busca por novas oportunidades também é impulsionada pela IA, com metade dos entrevistados usando essas ferramentas para encontrar empregos. Esse entusiasmo é refletido na percepção geral sobre a tecnologia: 58% dos jovens se dizem otimistas com o potencial da IA, um número superior ao de gerações mais velhas, como a Geração X (52%) e os Baby Boomers (46%).
O Paradoxo: Entusiasmo e Ansiedade
Contudo, o otimismo é acompanhado por uma forte onda de apreensão. Quase metade dos jovens da Geração Z (46%) teme que a IA possa impactar negativamente suas carreiras a longo prazo. Essa ansiedade não é infundada. A pesquisa aponta para uma redução de 29 pontos percentuais na oferta de vagas de nível inicial desde janeiro de 2024, um fenômeno diretamente ligado à automação crescente. Esse cenário cria o que se pode chamar de “paradoxo da Geração Z”: eles são a geração mais confiante e apta a usar a nova tecnologia, mas ao mesmo tempo a mais vulnerável às suas disrupções no mercado de trabalho. Sander van ‘t Noordende, CEO da Randstad, resume a situação:
“A Geração Z entrou na força de trabalho em um momento de imensa mudança. Embora confiantes sobre suas habilidades e ambiciosos para o futuro, eles enfrentam disrupção tecnológica e incerteza econômica. Diante da escassez de talentos, os empregadores devem tomar medidas para melhor atrair e reter jovens talentos. Isso significa adotar uma abordagem colaborativa, trabalhando com esta geração para definir caminhos de carreira inspiradores.”
A Lacuna de Gênero no Treinamento de IA
Outro ponto de atenção revelado pela pesquisa é a disparidade de gênero no acesso ao treinamento em IA. Enquanto 46% dos homens da Geração Z relatam ter recebido treinamento em IA no trabalho, esse número cai para 38% entre as mulheres. Essa diferença de 8 pontos percentuais é um alerta para as empresas, pois pode ampliar a lacuna de gênero no setor de tecnologia e limitar as oportunidades para as mulheres em uma economia cada vez mais digital.
Navegando no Futuro do Trabalho
A relação da Geração Z com a Inteligência Artificial é um reflexo dos tempos atuais: uma mistura de oportunidades e desafios. Se por um lado eles estão mais bem equipados para usar a tecnologia a seu favor, por outro, enfrentam um mercado de trabalho competitivo e em constante transformação. Para os empregadores, fica a lição da necessidade de investir em treinamento equitativo e de repensar os planos de carreira, garantindo que os jovens talentos possam prosperar em conjunto com a evolução da IA.
Fonte e Inspiração: Martha Gabriel
