O que permite que aviões façam voos incríveis de até 22 horas? Conheça os detalhes
Com o anúncio da Austrália sobre aviões capazes de permanecer no ar até 22 horas seguidas, o interesse pela tecnologia por trás dos voos ultralongos voltou a crescer. Atualmente, o recorde é do voo entre Singapura e Nova York, operado pelo Airbus A350-900ULR, com quase 19 horas de duração sem escalas ou conexões, segundo o ranking da plataforma FlightRadar24.
Mas qual é o segredo para aviões comerciais voarem por tanto tempo? Segundo o escritor e consultor internacional de aviação Gianfranco “Panda” Beting, especialista que já viajou na rota da Singapore Airlines, a resposta está mais no interior das aeronaves do que em motores ou tamanho externo. A chave está no número reduzido de assentos e na otimização do peso a bordo.
Menos passageiros e bagagem para um voo mais leve e eficiente
O A350-900ULR, por exemplo, leva apenas 161 passageiros, diferente da versão tradicional que pode acomodar até 253 pessoas. Essa configuração reduzida não se dá por falta de espaço, mas para diminuir o peso e, consequentemente, o consumo de combustível. “O peso é o principal desafio que precisa ser vencido para voos diretos de longa distância. Quanto mais peso, mais combustível é necessário, e não há espaço ilimitado para armazenar esse combustível”, explica Beting.
Mais combustível e adaptações para maiores distâncias
Os aviões dessa categoria, conhecidos como Ultra Long Range (ULR), possuem capacidade de combustível ampliada. O A350-900ULR carrega até 130 toneladas de combustível, cerca de 20 toneladas a mais que a versão tradicional. Isso permite atingir autonomia para voar até 18 mil quilômetros sem paradas, contra 15.750 km dos modelos comuns.
Outro ponto importante são as áreas internas desenhadas para o conforto durante essas jornadas longas. As companhias aéreas costumam aumentar a proporção de assentos na classe executiva e eliminam a econômica tradicional, oferecendo principalmente emoção em econômica premium e executiva.
Conforto e experiência para menos passageiros
O especialista relata que durante a viagem de quase 19 horas a bordo do A350-900ULR, os passageiros dispõem de espaços para circulação e alongamento, o que ajuda a aliviar o cansaço. São oferecidas duas refeições principais e três lanches, tudo pensado para tornar a experiência menos exaustiva. “Cheguei com a sensação de ter participado de um voo longo, mas não de uma maratona”, comenta Beting.
O futuro dos voos ultralongos e seu custo alto
Enquanto a Austrália se prepara para operar aeronaves capazes de alcançar 22 horas de voo, a expectativa é de que os voos diretos e ultralongos se tornem cada vez mais comuns. Porém, isso tem um preço: passagens para essas rotas podem custar até quase R$ 45 mil, devido ao custo elevado de operação e tecnologia.
Com menos assentos e maior conforto, os aviões ULR representam uma transformação importante na aviação comercial, oferecendo trajetos diretos e uma experiência diferenciada para passageiros que buscam viajar sem escalas, mesmo que isso envolva um investimento maior.
Essas aeronaves, como o Airbus A350-900ULR e o futuro A350-1000ULR, redefinem os limites do possível em viagens aéreas, mostrando como a inovação estratégica no design interior pode superar barreiras históricas de distância e duração dos voos.
